sábado, 17 de janeiro de 2015

Apenas uma canção de amor, para um grande amor...



Hoje, aliás, ontem, pois já são mais de três da manhã, eu voltei de São Paulo triste. Peguei meu carro no posto onde costumo deixá-lo, na Fernão Dias e, ao pegar a estradinha de terra que me traz para a segurança do meu lar entre as montanhas, não pude evitar as lágrimas. Estava triste de uma tristeza triste. Vim chorando enquanto dirigia. Chorando e falando com Deus, pedindo a Ele que não soltasse minha mão e dizendo a Ele que precisava falar com alguém, precisava de um ombro para encostar a cabeça, braços para me abraçar. Mas, não podia ser um alguém qualquer. Precisava ser uma pessoa em quem eu de fato confiasse, alguém que me olhasse e me visse por dentro, alguém que não se importasse com minhas lágrimas, não me criticasse e nem me julgasse fraca por estar chorando. Alguém que de fato se importasse comigo.

É claro que o amor de Deus nos basta, mas, Ele sabe que muitas vezes precisamos encontrá-Lo no outro, por isso ordenou que O amássemos sobre todas as coisas, mas amássemos também ao próximo como a nós mesmos. E eu, de fato, precisava de um próximo que fosse verdadeiramente próximo, que não me questionasse, que apenas me deixasse estar, falando ou em silêncio, apenas estar inteira naquela emoção um tanto amarga, até passar.

Já era tarde e não daria pra telefonar pra ninguém, além do que, as pessoas costumam passear às sextas-feiras à noite ou apenas descansar, não queria ser um peso a ninguém. Então, logo que entrei, fui ao primeiro dos meus cachorrinhos, o Gaspar, que me fez uma série de mimos, mas, decididamente, conquanto ame imensamente os meus cãezinhos e seja muito amada por eles, era de calor humano que meu coração necessitava. Então tive a inspiração de ligar o computador. Quem compartilha meu Face sabe o quão raramente entro aqui, tanto que há mais de 130 mensagens de aniversário e eu não li nenhuma delas. Não sou muito dada ao virtual e, além do mais, não tenho uma Internet de qualidade. Mas, eu queria conversar, precisava conversar e pensei: Será que ainda existem aquelas salas de bate-papo do UOL? Coisa ultrapassada, né? Bem, eu não tenho nem Wats Ap (nem sei se é assim que se escreve)...

O desejo de ligar o micro era muito forte e eu simplesmente atendi a ele, afinal, vim falando com Deus por oito quilômetros de estradas esburacadas, costumo atender aos sinais Dele e era possível que, se eu não estivesse ficando maluca, Ele estivesse querendo me dizer algo por essa via, responder aos meus lamentos e me abençoar com a sua misericórdia.

Incrível, não era maluquice minha! Era mesmo Deus tentando me falar. Liguei o micro, abri o site do UOL, li umas vinte tragédias só na home page e vim pro Face. Tinha vinte e oito de recados na minha caixa privada, além dos cento e trinta e poucos públicos. Cliquei em um, aleatoriamente, e só havia uma palavra: "Izilda?", escrita havia onze minutos. Há anos as pessoas não me chamam de Izilda, se alguém viu meu perfil e me reconheceu assim, ou ao menos supôs me reconhecer, eu precisava saber quem era. Não identifiquei quem era pelo nome e pelo pequeno ícone da foto. Respondi: "Sim, Izilda" e cliquei no nome. Para minha surpresa, reconheci a pessoa imediatamente e era a pessoa exata com que eu poderia falar num momento de tanta sensibilidade.

Não direi aqui de quem se tratava, não o adicionei aos amigos e nem pretendo adicionar e sei que ele também não fará isso. Foi um encontro único, uma descoberta inusitada para uma conversa só, mas, uma conversa que me alimentou e me iluminou pelo ano inteiro ou talvez por alguns muitos anos futuros, e eu agradeço imensamente a Deus por esse presente magnífico, por essas horas de conversa terna e amiga.

Era uma pessoa de um muito distante passado, de algumas décadas, mas, sem sombra de dúvida, a pessoa em que mais confiei na minha vida e pude debruçar no seu ombro, ainda que virtualmente, e nem precisei falar de tristeza, porque a conversa foi tão boa e tão amena que até me esqueci da dor e da solidão que me levaram a ligar o micro. Posso dizer que esse encontro foi o presente de Deus para o meu recém comemorado aniversário de 50 anos. Um presente inesquecível e especial, que me fez voltar mais de trinta anos no tempo e me sentir novamente uma menina muito amada. E se, nesta noite de sexta-feira, voltando sozinha pra casa, me senti mergulhada no abandono, Deus, para quem o tempo é sempre o presente, me deu o especial presente de ter novamente 18 anos e reviver o maior e mais puro amor com que a vida me brindou e que, por incompreensíveis razões, eu deixei partir; mais que isso, eu mandei embora.

Este é um texto longo e duvido que muita gente, além da minha " personal consulting" Adriana Miyasato e talvez a amiga Luísa Mel tenha a curiosidade e a paciência de ler até o fim. Hoje é tudo muito rápido, textos longos não emplacam, enfadam. Também duvido que a pessoa especial que me inspirou escrevê-lo se atreva a voltar a caminhar por esta página, pois há coisas que devem ficar onde forma deixadas, mas, caso volte, que receba a minha mais sincera gratidão e que saiba que valeu a pena esperar mais de trinta anos por essa conversa na qual se falou o que precisava se falar, sem mágoas, sem ressentimentos e sem ilusões.

Deus é infinitamente misericordioso e usou o coração que me foi mais precioso nesta vida para me dizer: "Filha, você nunca está sozinha, pois o meu amor está sempre com você!" Obrigada, Senhor! E, obrigada, anjo, por ter atendido a um pedido do Pai e ter vindo me dar um pouquinho de você, sobretudo o seu perdão. Leva pra sempre o meu amor e nunca se esqueça da Zefineta B do Frei Abóbora. Nunca se esqueça de nenhum dos detalhes de tudo de lindo, puro e mágico que compartilhamos. Sempre sempre, você será para sempre! Às vezes as almas gêmeas se separam, mas, nunca deixam de ser gêmeas por isso, pois há coisas que independem do tempo e do espaço, coisas que são para sempre, que não morrem jamais. Neste momento você já deve estar dormindo, ou talvez role na cama tentando organizar as lembranças. Da minha parte, só posso retribuir ao primeiro presente que você me deu, na noite do dia em que nos conhecemos, uma música do Moacyr Franco, que já era brega naquela época, porém linda e continua sendo, magnífica e muito significativa:

"Corro tanto pra chegar,
Então eu paro sem saber
Se devo entrar.
Quando parti eu não pensei
Que um dia voltaria
E voltei...
Tudo estava bem,
Ela e eu e tudo o que sonhei.
Que louco (a) fui
Dizendo adeus e partindo
Para o mundo conquistar,
Nem eu sei pra quê.
Eu recordo seu olhar,
Tão cansado de chorar
Por quem partiu.
E num aceno derradeiro
Quando a tarde ia morrer
Eu disse adeus.
Em outro céu eu procurei
A mesma estrela que brilhou
Só para mim.
E muito longe não achei
Essa luz que guiava
O meu viver.
Querida(o) hoje volto,
Cansei de sofrer.
Perdoa se um dia
Tentei te esquecer.
Faz tanto tempo que nem sei
O que restou do que levei
No coração.
Por mil caminhos eu perdi
Orgulho, paz e percebi
Que nada sou.
O tempo passa sem cessar
E faz a vida transformar
Em tristeza em solidão.
A primavera já passou,
Outono veio me envolver
E eu sei por quê.
Querida(o) hoje volto,
Cansei de sofrer.
Perdoa se um dia
Tentei te esquecer.
Mas de repente eu vejo abrir
Uma janela e a sorrir,
Te vejo, amor.
Teu nome tento murmurar
E o pranto doce a deslizar,
Me faz calar.
Tuas mãos que eu beijei
Estão cheias de perdão
Só para mim.
Se trago dor e solidão
Em teu amor hei de encontrar
O que perdi.
Querida(o) eu volto,
Por favor esqueça
Tudo, tudo, tudo o que passou...”

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